CPI dos Pancadões: entre o barulho das ruas e o silêncio do poder
15 de out. de 2025
Foram nove horas de audiência que poderiam ter sido um marco na busca por soluções para um dos problemas mais complexos das grandes cidades: os pancadões, bailes clandestinos que viraram símbolo de liberdade para uns e de desordem para outros. Mas o que se viu na CPI dos Pancadões foi algo bem diferente, um palco de disputas políticas onde muitos pareciam mais preocupados em proteger aliados e interesses locais do que em defender a população que sofre com o caos nas ruas.
Nos bastidores, a “tropa de choque” política agia para minimizar denúncias, deslegitimar depoimentos e transformar um problema social grave em palanque ideológico. Enquanto moradores relataram noites sem dormir, comércio prejudicado e medo constante, alguns parlamentares faziam malabarismos retóricos para evitar que o debate tocasse em temas incômodos, como a falta de fiscalização, a corrupção local e o uso político das comunidades.
A verdade é que a questão dos pancadões não se resume a som alto e festa proibida. Trata-se de um sintoma urbano e social de abandono estatal, da ausência de políticas públicas que unam cultura, segurança e cidadania. Mas a CPI, que poderia ser um instrumento de avanço, acabou se tornando um espelho da nossa própria inércia institucional.
O que está em jogo não é ideologia, é responsabilidade pública. É inadmissível que o poder público trate o problema com improvisos e discursos vazios. A cidade precisa de regras claras, fiscalização real e diálogo com a comunidade, e não de promessas feitas sob holofotes.
A audiência terminou, mas o barulho permanece: não o dos pancadões, mas o do silêncio das autoridades. Que os próximos capítulos revelam quem realmente está disposto a enfrentar o problema, e quem apenas toca a música do conformismo.
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